Existe em Portugal uma diversidade patrimonial extraordinária. Sendo nós um povo viajante que se inspirou em diversas culturas, ao longo de centenas de anos, é pois natural que tendências várias de expressão, e propostas estéticas, se manifestem nos tesouros arquitectónicos, civis, religiosos e militares, representados um pouco por todo o país. Propomos então entre tantas escolhas, visitar e descobrir algumas vilas e centros históricos, que permitam, nem que seja um vislumbre, do que de mais interessante representa a nossa cultura e que esse passeio nos dê o entusiasmo de sentir e interpretar uma identidade que nos é própria e nos caracteriza. Viajar até às raízes do nosso sangue lusitano, às fundações de Portugal.
Comece este percurso em Coimbra e visite o Museu Nacional de Machado de Castro que guarda os vestígios mais antigos da Aeminium dos romanos. Continue até à Universidade e deslumbre-se na Biblioteca Joanina, uma das mais belas da Europa. De fachada imponente, replicada no interior por arcos triunfais ornamentados com talha dourada, acumula nas suas prateleiras conhecimento de valor inestimável em 300.000 volumes editados entre os séculos XVI e XVIII. A 16kms de Coimbra, Conímbriga, uma importante cidade romana, conserva mosaicos bem preservados que não pode deixar de ver. Visitar as ruínas de Conímbriga é passear-se pela maneira de viver dos antigos romanos. Admire as ruas e as casas com os seus pátios cobertos de mosaicos policromáticos, onde se encontram representadas diversas divindades e personagens mitológicas gregas, para além de complexos labirintos e profusas decorações geométricas, ricamente coloridas.
O percurso segue em direcção ao Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade pela Unesco, e uma região de beleza incomparável. É no Alto Douro Vinhateiro que se produz o famoso Vinho do Porto, internacionalmente conhecido pela sua qualidade e sabor. Nesta região - a primeira demarcada do mundo - a secular tradição vitícola produziu uma paisagem cultural de notável beleza. O rio fez a primeira obra cavando na terra os vales profundos. O Homem transformou as montanhas de xisto em terra e muros e nela plantou a vinha, verde no verão, cor de fogo no outono. Com uma sabedoria herdada de gerações inclinou os terraços para que os raios de sol abracem as videiras e deem às uvas o calor de que todo o bom vinho precisa. Esta zona pertence à Rota de Cister e merece uma atenção particular toda a região envolvente. A cidade de Lamego cuja fundação se atribui aos Celtas e que se orgulha de ter recebido as cortes que, em 1143,que reconheceram D. Afonso Henriques como Rei de Portugal. Recomenda-se uma visita à Torre de Menagem e Muralha (séc. XI e XII), à Igreja de Almacave (séc. XI e XII), à Sé Catedral (séc. XII a XVIII), à Capela do Balsemão (séc. VII) e ao Museu de Arte e Arqueologia. A subida dos 686 degraus da escadaria do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios (séc. XII e XVIII) vão valer a pena, pela magnífica vista e pela exuberante vegetação do parque situado no alto. Nesta região não deixe de visitar o legado da Ordem de Cister, com especial destaque para o Convento Franciscano de Santo António de Ferreirim (séc. XVI), o Mosteiro de São João de Tarouca, o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas (séc. XII) e a Igreja de S. Miguel em Armamar.
Este percurso continua para Ponte de Lima, a antiga Forum Lumicorum dos romanos. A vila habitada desde tempos imemoriais parece uma terra encantada. Com foral desde 1125, esta é a vila mais antiga de Portugal, com foral dado por D. Teresa. Ponte de Lima transborda de hospitalidade, e tem uma personalidade e uma riqueza arquitectónica invulgares. Na zona antiga as ruas estreitas obrigam a parar para admirar fachadas góticas, manuelinas, barrocas e maneiristas. A igreja matriz demonstra o apego firme às proporções, e robustez próprios das construções românicas, e são lindíssimas as fachadas quinhentistas da velha Rua de Dentro da Vila, e da Rua Beato Francisco Pacheco. Ao longo da simpática Av. dos Plátanos, pode-se ver o Teatro Municipal Diogo Bernardes e o museu de Arqueologia e Arte Sacra, instalados no Convento do Ordem Terceira, a Avenida termina na capela de Nossa. Sr.ª da Guia, que dá o nome à ponte nova. A terra de Ponte de Lima deve o seu nome à ponte de pedra que dava o passo através do Lima. Construída pelos romanos para ligação da via militar que, de Braga pelo território dos Límicos, ia ter a Astorga. Também quinzenalmente, à segunda-feira, realiza-se mais antiga feira do país, com foral de D. Teresa, desde 1125. Chamava-se a feira mãe. Todo este concelho está povoado de solares, que constituem um legado patrimonial de grande importância. A curta distância, podemos ainda visitar Viana do Castelo, uma cidade de grande beleza com um centro histórico rico em património, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca cujas aldeias de montanha são repositórios vivos de tempos antigos. Muito ficou por ver e visitar neste nosso país. Damos só alguns exemplos com a esperança de proporcionar uma nova abordagem à descoberta do que temos de melhor, não esquecendo que é a cultura que nos dá identidade e expressão na relação com o mundo que nos rodeia. O património é também vivido pelas pessoas que nos recebem e no qual se integram diariamente, e quando viajamos através dos solares de Portugal damos maior sentido e significado à relação entre o património, vivências e tradições, ao longo da história.
Aqui já se escreveram algumas páginas da história de Portugal, desde as Invasões Francesas, até às ligações à Ordem de Malta e a D. Nuno Álvares Pereira, terceiro Conde de Ourém. Ligada a esta importante personagem da nossa história, está a capelinha alpendrada, um dos edifícios mais importantes da propriedade. Esta ganhou importância histórica quando, em Agosto de 1385, a caminho da Batalha de Aljubarrota, o Condestável D. Nuno aqui se terá ajoelhado e orado a Santa Luzia, apelando à sua protecção divina. O interior, remodelado e aumentado nas suas dimensões ao longo dos tempos, mantém a capela-mor abobadada e ogivada de expressão gótico-manuelina.
Situada em Britiande, próximo de Lamego, esta casa senhorial, presumivelmente de fachada quinhentista e capela do século XVII, foi utilizada, em tempos, para repouso dos frades do Convento de Ferreirim. A proximidade do Vale do Douro oferece a tranquilidade das majestosas paisagens da região de Lamego, melhoradas pelo repouso sereno destas paragens e a descoberta de verdadeiros tesouros do património nacional dos séculos VII ao XVIII.
Casa Senhorial dos finais do Séc. XVII, retoma os seus tempos áureos sem nunca esquecer o passado histórico a que está intimamente ligado. A Casa da Lage situa-se dentro de uma extensa propriedade agrícola, onde o conforto, a afabilidade e o requinte são sinónimos do valor histórico, etnográfico e cultural que representa. A comprovar estão os salões da casa com bonitos tectos, artesoados em talha, a exposição de fatos regionais, a qualidade de restauro e a adaptação da Casa Tulha.
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